Autora relata histórias esquecidas na memória nacional

Texto: Raíssa Nigre • Imagem: Divulgação / Prefeitura de Ubatuba-SP 27/FEV/2020 Cultura
Nem mesmo 60 mil óbitos, milhares de internações forçadas ou cerca de 2 mil cadáveres vendidos à Faculdade de Medicina de Valença tornaram os acontecimentos do Hospital Colônia de Barbacena dignos de atenção dos jornais. A história só ganhou atenção do grande público em 2011, graças à série de reportagens feitas para o jornal Tribuna de Minas pela jornalista Daniela Arbex – e dois anos depois, ao livro-reportagem “Holocausto brasileiro”. Além da informação jornalística, os eventos contados pela jornalista dão voz às vítimas e divulgam eventos apagados do imaginário popular.

Em entrevista ao programa de rádio Natureza Viva, Arbex declarou o objetivo de seu trabalho: "É falar de coisas que as pessoas não querem ler, mas que elas não sabem que precisam ler". E completou: "Não falar é dar voz à impunidade. O silêncio alimenta a impunidade e encoraja a covardia, o extermínio, a barbárie". Em sua obra mais conhecida, “Holocausto brasileiro”, quase um século de violência ocorrida no manicômio de Barbacena, em Minas Gerais, vem à tona para o público.

Os direitos humanos são parte central das discussões presentes nos outros dois livros da jornalista. Em “Cova 312”, é relatada a investigação para descobrir a verdade sobre a misteriosa morte de um jovem preso político em 1967. Já “Todo dia a mesma noite” retrata a versão das vítimas e familiares do caso do incêndio na boate Kiss.