A ideologia estadunidense semeada nos super-heróis

Texto: Luiz Fernando Ioti • Imagem: Reprodução HQ Marvel 6/SET/19 Cultura
Filmes e séries adaptados de gibis são há muitos anos um extremo sucesso pelo mundo. Quatro das dez maiores bilheterias da história do cinema contam com famosos super-heróis. Rodrigo Moraes Cunha, especialista em História pela Universidade Federal do Rio Grande (Furg), estuda em seu artigo "História em quadrinhos: um olhar histórico" a importância dessa arte popular como meio de propagação ideológica durante o século XX.

O autor conta que o Super-homem, criado em 1938 com as cores dos Estados Unidos, tem no início como essência não os seus poderes e sim contra quem ele os utilizava, os inimigos norte-americanos. Já o Batman, criado em 1939, é ligado principalmente às questões internas do país. “Ao contrário de Superman, Batman não fora à luta contra os nazistas, propriamente dito, como tantos outros personagens, mas fora utilizado pelo governo americano com o fim de propaganda ideológica no esforço de guerra. O Cavaleiro das Trevas sempre se focara no combate à criminalidade de Gothan City”, diz Rodrigo.

Da Marvel, temos como maior exemplo dessa propaganda o Capitão América. “O exército enviou Rogers para o campo de batalha europeu, onde serviu de recruta, sendo transferido para onde fosse necessário. Com isso, as suas revistas estavam onde os combatentes reais estavam, motivando-os ao combate”. Mais tarde, na década de 60, com Stan Lee e Jack Kirby, houve a criação do Quarteto Fantástico e do Incrível Hulk, referências diretas à corrida espacial e aos perigos da radiação, assuntos recorrentes durante a Guerra Fria, e ainda o Pantera Negra e os X-Men, personagens que lutam contra o preconceito discutido nesse período nas periferias dos EUA.