Mortes de abelhas causam discussões ambientais

Texto: Luiz Fernando Ioti • Foto: Danika Perkinson / Unsplash 18/OUT/2019 Meio ambiente
Mais de 500 milhões de abelhas foram mortas no Brasil no primeiro trimestre de 2019. Foram 400 milhões no Rio Grande do Sul, 50 milhões em Santa Catarina, 45 milhões no Mato Grosso do Sul e 7 milhões em São Paulo, segundo levantamento do Repórter Brasil e da Agência Pública.

Paralelamente, 410 novos produtos agrotóxicos foram aprovados para venda desde o início do governo Bolsonaro, números do Diário Oficial da União. Para Salvador Gonçalves da Silva, criador de abelhas no Rio Grande do Sul, em entrevista à Reuters TV, essa expansão de pesticidas é o que mais indica o aumento da mortandade dos insetos. O produtor de mel perdeu 360 milhões de abelhas entre o final do ano passado e início desse ano.

Para Xico Graziano, agrônomo e ex-deputado federal pelo PSDB, é a maneira incorreta na aplicação dos agrotóxicos que causa as mortes, e não os produtos. Além disso, para ele, os números não são tão expressivos quanto parecem. Ele comenta que, de acordo com a Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina, o plantel apícola catarinense soma ao redor de 25,2 bilhões de espécies: “A desgraça, embora pudesse ser evitada, atingiu apenas 0,2% das abelhas.” Para o ex-político, o natural é a volta da população para o quantitativo normal, desde que outros fatores como disponibilidade de alimentos e falta de habitats protegidos não limitem esse processo.

Pesquisas da Embrapa mostram como as abelhas podem aumentar a produtividade de lavouras de soja, por exemplo, em até 10%. Tanto Salvador Gonçalves como Xico Graziano concordam que os insetos podem ser extremamente importantes para o desenvolvimento agrícola.