Aldeias suspendem rituais fúnebres na pandemia

Texto: Letícia Martins • Foto: Xapuri Press 11/SET/2020 Saúde
Os preparativos para o sepultamento de indígenas brasileiros que faleceram devido à contaminação do novo coronavírus preocupam especialistas. Conhecidas por seus rituais, as aldeias indígenas que vivem afastadas das grandes cidades estão restringindo e suspendendo alguns de seus rituais fúnebres, respeitando as medidas de prevenção determinadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

O povo Kuikuro, que vive no Alto do Xingu, pinta o corpo de quem morre com desenhos ancestrais para que possam partir para o mundo do mortos. Já o povo Xavante da aldeia de Guadalupe, no Mato Grosso, abre diversas vezes o caixão e toca seu parente, como uma forma de respeito e afeto. Na aldeia dos Yanomami, após ficar isolado por um mês, o corpo é cremado.

Segundo os protocolos de saúde, os enterros devem ser feitos sem aglomerações, com o caixão lacrado ou cremado para que não haja risco de outro indígena se contaminar. As tribos pedem ajuda para o governo para encontrarem uma solução para realizar a cerimônia de acordo com suas etnias, com o objetivo de preservar a cultura local sem comprometer a saúde da população. Desde o avanço do coronavírus no país, mais de 8.000 indígenas foram infectados e 184 mortos.