Manifestações políticas marcam os desfiles do Rio

Texto: Josiane Tavares • Foto: Divulgação / Fernando Grilli - Riotur 27/FEV/2020 Política
Desfile de 2020 da Beija-Flor no Sambódromo - Crédito da imagem: Divulgação / Fernando Grilli - Riotur
A quarta noite de carnaval no Sambódromo, na segunda-feira (24), fechou os desfiles das escolas de samba do Grupo Especial no Rio de Janeiro. A primeira escola a desfilar foi a São Clemente, com o enredo "O conto do vigário", que retratou a história do Brasil pontuada por mentiras e a proliferação das "fake news". O ponto alto foi a interpretação do ator e humorista Marcelo Adnet. Caracterizado como o presidente Jair Bolsonaro, ele fez flexões e prestou continência em carro com cartazes das frases "Tá OK" e "A culpa é do Leonardo di Caprio".

Não é de hoje que temas políticos são levados à Sapucaí como forma de protesto. Seja nas letras mais críticas, seja nos carros alegóricos que tomam a avenida, as manifestações aparecem como forma de mostrar a insatisfação pública, sobretudo, com bom humor e tons de ironia. O sociólogo e cientista político Antonio Lavareda, em entrevista à revista Veja, avaliou que os atos são resultado de sentimentos que vêm sendo fermentados ao longo dos últimos anos e que agora, em meio a uma festa dessa dimensão, extravasam.

Além da São Clemente, outras 11 escolas exibiram na Sapucaí suas críticas políticas e sociais, que não ficaram só nas interpretações. A Mocidade Independente de Padre Miguel, por exemplo, ecoou seu samba-enredo e deixou seu recado na avenida sob os versos "É hora de acender no peito a inspiração / Sei que é preciso lutar com as armas de uma canção / A gente tem que acordar".